terça-feira, 1 de novembro de 2011

A nossa aldeia gaulesa por Luís Menezes Leitão, Publicado em 20 de Setembro de 2011

Estamos no ano 2011 d.C. Todo o Portugal está ocupado pelas tropas da troika. Todo? Não. Uma ilha povoada por irredutíveis madeirenses resiste ainda e sempre ao invasor. E na Madeira a vida não é fácil para os defensores da disciplina orçamental...

Efectivamente, os governantes da nova província do Império, o procônsul Passus Cuniculus e o questor Victor Gasparius, andam completamente desesperados para tentar submeter a ilha à austeridade que impuseram no Continente. Mas os irredutíveis madeirenses resistem sempre, comandados pelos seu chefe Jardinix, que já fez saber que não vai entregar ao Continente ocupado os tributos cobrados na ilha, que não vai despedir ninguém e que vai continuar a gastar como sempre fez. O chefe Jardinix não se assusta com as ameaças vindas do Continente ou da troika, dado que só tem medo de uma coisa: que o céu lhe caia em cima da cabeça. E ele próprio costuma dizer que amanhã não será a véspera desse dia.

Os irredutíveis madeirenses sentem-se felizes com o seu chefe. Enquanto o Continente ocupado está sujeito à austeridade, eles podem comer e beber bem e dar tabefes aos invasores. Não interessa que lhes digam que estão a gastar de mais e que não têm dinheiro para tanto. Os irredutíveis madeirenses aproveitam o tempo presente sem pensarem no futuro. Eles sabem que esta estória acabará como todas as outras: com um grande festim. E o rectângulo há-de pagar a conta.